quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Esquinas, a cidade como encruzilhada

"Quando me pediram para realizar uma exposição sobre as cidades, pensei de imediato que não iria reincidir numa apresentação temática dos "problemas" urbanos (infraestruturas, habitação, periferias, renovação, etc.),  evitando igualmente fazer uma leitura tecnocrática (que falasse, por exemplo, de fluxos, mutações, reflexos ou margens). Pensei, antes, em dar a ver a cidade de forma muito concreta, material e tangível, algo que que valorizasse mais os sentidos do que a abstracção, muito mais o lado político que o lado mecânico. Pensei então no interesse figurativo das esquinas, na condição da esquina como paradigma da diversidade urbana, arquitectónica, cívica e cultural.
A diversidade cultural é um facto urbano. No mundo contemporâneo, onde mais de 80% da população vive em cidades (e a restante não tardará a deixar-se assimilar por elas, a única garantia que permite transformar a solidão em intercâmbio e a ignorância em progresso).
Para mostrar a diversidade cultural não é necessário imaginar um mosaico de exotismos, mas apresentar as cidades como o lugar de cruzamento e mistura, lugar plural e contraditório por excelência, longe das simplificaçôes que muitas vezes fazemos."
Manuel de Solá-Morales, Comissário da Exposição Cidades, Esquinas, (Barcelona, 2004)


Alvaro Siza, Boujour Tristesse, Berlim, 1980-1984.

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