sábado, 23 de maio de 2009

MANIFesta

Esta edição da MANIFesta veio até Peniche, o que me pareceu uma boa decisão, tanto da parte das entidades promotoras, como da Câmara que apoiou a iniciativa. Estive nas edições anteriores de Tondela, Amarante e Serpa. Reflectindo a evolução das preocupações dos intervenientes nos processos a que dá expressão, e edição de Peniche parece ser mais rica nas matérias que propõe a debate e menos rica na feira de produtos. As Iniciativas Locais de Emprego que constituíam o núcleo dinamizador da ANIMAR (congrega associações de desenvolvimento local), com a sua atenção virada para o artesanato e o património, retomando e revalorizando actividades tradicionais, viram o seu espaço hoje determinado pelos temas do empreendedorismo e do negócio. As vedetas de Tontela e Amarante foram a "In Loco", uma associação algarvia beneficiária do saber e da experiência de Priscila Soares e Alberto Melo, e as Capuchinhas de Montemuro, que em Vale Benfeito realizavam, com o apoio de designers de têxtil e moda uma renovação dos antigos tecidos e cortes serranos e, simultaneamente, davam vida a um projecto teatral envolvido na recriação de imaginários locais. Em Peniche discutiu-se sobretudo inovação social e políticas territoriais, agora que a crise global aí está, na sua dimensão mais brutal, e o programa Equal vai chegar ao fim, deixando saudades, e sobre o QREN se avolumam dúvidas e algumas desconfianças. Não ouvi Vieira da Silva, que, ao que me contaram, não se mostrou tão entusiasmado, como muitos esperariam, com os resultados dos processos de inovação social induzidos pelos processos locais, mas ouvi Jorge Lacão abordar com seriedade e convicção os problemas da igualdade de género e assisti a um seminário intitulado "Inovar para o desenvolvimento sustentável do território". Falei com muita gente e muito com alguns amigos que já não via há muito ou que, embora vendo, não tivera oportunidade de incluir numa conversa distendida. Um certo espírito de tertúlia foi recuperado nesta MANIFesta, o que foi sem dúvida agradável. Peniche, com o seu novo semblante aberto e acolhedor e a sua noite amigável foi um excelente anfitrião. O tempo não ajudou, obrigando ao cancelamento do concerto dos "Deolinda". Mas não perdi a orquestra "Nova Geração", no palco do Stella Maris, multicor e comovente.

1 comentário:

João Ramos Franco disse...

Encontrar nas tuas palavras uma mensagem de que vais encontrando algo de positivo já para mim uma satisfação.
João Ramos Franco