sábado, 22 de agosto de 2009

Turismo em Espanha, 1864

Era um Sábado de Aleluia quando Júlio César Machado (1835-1890) partiu de Lisboa em direcção a Madrid. Acompanhava-o Manuel de Mascarenhas, Conde Óbidos, seu amigo. Levava por guia um Itinerario da Hespanha e Portugal que lhe tinha sido oferecido.
Os dois amigos apanharam o comboio da noite, chegaram a Badajoz de madrugada, onde ficaram um dia e uma noite. Partiram no dia seguinte para Madrid de mala-posta. O trajecto Badajoz-Madrid durou um dia e uma noite a percorrer.
No primeiro dia em Madrid, Júlio César Machado, após um banho retemperador, foi à Academia de Medicina fazer uma entrega de livros. À noite deslocou-se ao Teatro do Oriente para ver uma ópera, a “Sapho” de Paccini, com a celebrada artista Borghi-Mamo que conhecera em Lisboa. Tendo terminado o espectáculo às 11, os dois amigos foram passar o resto da noite no Baile das Capellanes, na antiga casa da Misericórdia.
No dia seguinte, Júlio César teve a sua agenda preenchida com uma visita matinal ao seu amigo e diplomata José Emígio da Silva Cabral e uma ida ao teatro, à noite (ver a peça “La Venganza Catalalana” de Guttierrez, com Mathilde Diez, primeira actriz de Espanha.
O dia seguinte, ocupou-o o nosso turista com uma visita ao fim da manhã ao escritor D. Manuel del Palácio, para quem levava uma carta de recomendação, após o que se dirigiu ao Museu de Madrid (hoje Museo del Prado).
O domingo, 2 de Abril de 1864, era dia de tourada em Madrid. Foi esse o programa também dos dois portugueses. Actuaram os espadas Francisco Arjona Guillen (Cúchares), António Sanchez (el Tato) e António Carmona (el Gordito).
O Paseo del Prado foi o principal objecto de atenção dos nossos turistas no dia a seguir. A noite foi ocupada com uma ida ao teatro da Zarzuela. A terça-feira foi preenchida com a vista ao Escurial. Tomaram o comboio de manhã e regressaram à noite.
Saíram de Madrid, de comboio, em direcção à Biscaia, onde se detiveram por algum tempo, e daí a Paris.
Julio César Machado. Em Espanha. Cenas de Viagem. Lisboa, Livraria A. M. Pereira, 1865.

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