domingo, 24 de outubro de 2010

A Vida é Bela?!

Dezoito anos passados sobre a estreia, vi agora o filme de Luís Galvão Telles. Lembro-me de como a critica foi implacável com este A Vida é Bela?! Tanto quanto a distancia temporal nos permite ser eventualmente mais justos, o filme não ganhou, para mim, entretanto, nenhum motivo de interesse. Se, em 1982, o filme não passava de uma revisitação forçada do teatro de revista, agora o cariz burlesco de toda a encenação ainda mais sobressai.
Aparentemente, os autores do guião acharam na peça de João Verdades (pseudónimo do jornalista José Augusto Tito Gonçalves Martins), Hipólito do Ó (1938), virtualidades que hoje decididamente não é mais possível detectar. A visão de um Hipólito do Ó que chega a Ministro sem saber como, acumulando as pastas da Instrução e do Comércio em 1925, que se lança, em 1927, na aventura reviralhista e acaba rendido aos “vícios” do salazarismo não passa de uma caricatura medíocre.
O cinema português lida mal com a história e este filme nem sequer aspira a contar uma história. Como explicaram, na sessão de comentário e debate da passada sexta-feira em Guimarães, Luís Farinha e Alice Samara, não há nenhum nexo razoável entre a interpretação simplista e distorcida que o filme transmite e o que foi a história da República nos anos 20.

2 comentários:

Isabel X disse...

Não conheço o filme, não tenho opinião própria sobre ele.

Escrevo apenas para registar uma tendência (muito nossa) ao nível da criação literária, por exemplo, a de as personagens serem caricaturas.

Se houver génio, o resultado é óptimo como é o caso de Eça de Queirós.

Quando não há, é um desastre...

- Isabel X -

Luis Eme disse...

sempre me fez confusão que realizadores inteligentes realizem filmes mediocres.

uma das explicações, que não explica tudo, é eles nunca conseguirem os meios necessários para fazer os filmes que queriam.