sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Uma fina película de civilização

O golpe de Estado militar que derrubou a Presidente da Argentina Isabel Peron ocorreu em Março de 1976.
O regime de terror e perseguição que se seguiu fez desaparecer milhares de opositores. A edição do Paris Match de 12 deste mês conta a história de Victória-Anália Azic.
José Maria Donda e sua mulher, Cori, foram dois dos sequestrados à ordem da ditadura, em Maio de 1977. Mandante da detenção: Adolf Donda, irmão de José Maria. Cori estava então grávida de 5 meses. Deu á luz uma menina a que pôs o nome de Victória. O bébé foi entregue por um dos directores de serviço da Esma (Escola Superior de Mecânica da Armada, de que Adolfo era dirigente), de nome Febres, ao casal formado por António Azic e Esther Abrego um negociante de frutas e militar reformado e respectiva mulher. A criança, adoptada com o nome Anália, cresceu na convicção de que estes eram os seus pais e Febres o seu padrinho. De facto os seus verdadeiros pais foram lançados de avião ao rio da Prata, após terem levado uma injecção de penthotal.
Victória-Anália descobriu a sua identidade, reconstituindo esta história dramática, graças à acção das "Avós e Mães da Praça de Maio" e aos efeitos da decisão do juiz Baltasar Garzón que em 2003 pediu a extradição de polícias e militares argentinos responsáveis pelo desaparecimento de cidadãos espanhóis durante a ditadura militar, entre os quais se encontrava o falso pai de Anália.
Esta história não pertence aos arquivos de uma época de trevas. Faz parte da nossa contemporaneidade. Victória- Anália tem hoje 33 anos.

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